Cidade educadora

J.E. ROMÃO A cidade sempre exerceu uma espécie de fascinação sobre os seres humanos, ainda que a trajetória civilizacional tenha se iniciado no campo. De fato, as grandes transformações da vida coletiva somente foram possíveis quando homens e mulheres concentraram-se em espaços contíguos, trocando serviços e sentimentos. Observe-se, a este respeito, o papel que teve a polis na Grécia e a urbs ou civitas em Roma. Mesmo quando já não se inscrevia nos limites exíguos da “Cidade-estado”, mesmo quando transbordava para as fronteiras de Estados massivos, como foi o caso da talassocracia de Péricles, dos impérios helenísticos e do Império Romano, a cidade continuava a aparecer como um ideal de realização humanística. No sentido estrito da expressão, o ideal da...
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Educação cidadã

J. E. Romão Há muito que o Instituto Paulo Freire (IPF) vem perseguindo a idéia de uma “Educação Cidadã” e, neste percurso, sofreu ataques à direita e à esquerda. Desta última, as baterias voltavam-se para um termo cujo significado ou conceito a que remetia inscrevia-se no universo da visão de mundo das elites e, mais recentemente, na história ocidental, no sistema simbólico da burguesia. De fato, a cidadania quase sempre foi uma prerrogativa das elites e era usada para excluir a maioria. Não foi este o caso das chamadas civilizações clássicas (Grécia e Roma), em que os cidadãos gozavam de todos os direitos, enquanto os não-cidadãos tinham de se contentar com submissão às decisões dos primeiros? Ora, se Platão considerava que a Política é a ciência e...
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Educação e fascínio da fama

Frei Betto Revestir uma pessoa de fama precoce é correr o risco de destruí-la. Nem para os adultos é fácil lidar com perdas. Todos nós construímos uma auto-imagem, adornada por funções, posses, talentos e relações familiares e sociais. Basta um desses aspectos ficar arranhado para irromper a insegurança. Por isso o desemprego é tão humilhante. Perdem-se a identidade social, a segurança quanto à sobrevivência da família e a qualidade de vida. Já reparou quando lhe apresentam a uma pessoa? Não é suficiente saber-lhe o nome. Há curiosidade em conhecer o que ela faz, em que trabalha. A falta de emprego é como o chão que se abre sob os pés. Cai-se no vazio. Entra-se em depressão. Porque emprego significa salário que, por sua vez, representa a possibilidade de aluguel,...
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Desafios para um outro mundo possível

Moacir Gadotti A cidade de São Paulo, de 1 a 4 de abril, estará sediando o maior evento educacional de sua história. Estão sendo esperados mais de 60 mil participantes. E não é para mais. O desafio é grande: uma “outra educação possível”, seguindo os passos do Fórum Social Mundial. Para um outro mundo possível uma outra educação é necessária. Como podemos enfrentar tamanho desafio? Será apenas um sonho a mais sonhado juntos? Seremos capazes de mudar o mundo? Quantos já tentaram! Quais os caminhos, as estratégias para um outro mundo possível? Estes são os grandes desafios de um Fórum como o São Paulo. Não podemos nos perder em debates locais ou conjunturais que morrem no café da manhã. Nosso desafios é enorme: nosso propósito é mudar o mundo. Nossa tarefa...
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Fórum mundial de educação celebrá 450 anos de são paulo

Moacir Gadotti Em janeiro de 2001, realizou-se, em Porto Alegre, a primeira edição do Fórum Social Mundial, “por um outro mundo possível”. Durante as poucas, e talvez por isso mesmo, muito concorridas atividades desenvolvidas naquele evento, no campo da educação, os presentes decidiram criar um espaço de debate com o nome de Fórum Mundial de Educação (FME). A Prefeitura de Porto Alegre assumiu a responsabilidade de organizá-lo. A primeira edição do FME, em outubro de 2001, elegeu como temática central “Educação no mundo globalizado” e, a segunda, em janeiro de 2003, “Educação e transformação”. O Fórum Mundial de Educação aprovou, em Porto Alegre, duas Cartas em defesa da educação libertadora, popular e cidadã. Além disso, propôs a construção...
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Forum mundial de educação: por que são paulo?

Moacir Gadotti São Paulo celebrará seus 450 anos com um grande Fórum Mundial de Educação Temático de 1 a 4 de abril de 2004. São esperados mais de 60 mil participantes. Por que São Paulo? A cidade de São Paulo candidatou-se para realizar um Fórum Mundial de Educação na abertura da segunda edição do FME, em Porto Alegre, em janeiro de 2003. A iniciativa foi aplaudida por mais de 20 mil participantes do Fórum que estavam no Gigantinho. São Paulo tem hoje um governo democrático de “reconstrução”, cujo principal objetivo, no campo educacional, é assumir a qualidade social da educação. As principais diretrizes da Secretaria Municipal de Educação – democratização do acesso e garantia da permanência, democratização da gestão e qualidade da educação –...
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Fme-sp homenageia educadores

Moacir Gadotti Os Fóruns são lugar de protestos, de análises, de diagnósticos, de debates e críticas, mas também, lugar por excelência de consolidação de propostas. Fóruns são também lugares de aprendizagem: jamais podemos esquecer a longa história de luta dos povos e de suas diversas organizações e movimentos. Por isso precisamos lembrar aqueles que fundamentam nossa práxis. Os Fóruns são também, por isso mesmo, um lugar de lembrança, lembrança dos nossos mortos e desaparecidos e de nossos referenciais. O FME-SP presta homenagem a alguns dos mais destacados educadores brasileiros – Maria Lacerda de Moura, Darcy Ribeiro, Paulo Freire, Milton Santos, Florestan Fernandes – e, certamente, lembrará numerosos outros, como Maria Nilde Mascelani, Neidson Rodrigues,...
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Fóruns, ações globais e movimentos sociais

Moacir Gadotti Os Fóruns de hoje têm uma história que remonta, pelo menos, ao Fórum Global 92, que se reuniu durante a realização da Rio-92. Eles se constituem de movimentos em torno de causas e ações globais. O próprio Fórum Social Mundial é um desses movimentos globais. - O que é uma ação global? Ação global é uma ação que catalisa, para a qual convergem muitas ações de movimentos. O FSM é, por excelência, uma ação global, envolvendo muitas redes de movimentos em muitos países, com vistas à superação do modelo de globalização capitalista, essa globalização perversa, estágio superior do imperialismo, que nos ilude, que nos faz crer que estamos realmente nos comunicando com todo o mundo, que nos faz pensar que todos fazemos parte da globalização. Na...
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Lições do forum mundial de educação

Moacir Gadotti Nos anos 90, depois da queda do Império Soviético, a globalização capitalista, com seu “discurso único”, queria selar o fim da história e matar a esperança. Um certo “vazio” ideológico deixou muita gente perplexa, sem chão, sem bandeiras de luta. O Fórum Social Mundial ocupou esse espaço ideológico, reacendeu a esperança da libertação, recolocou a ideologia no palco da história. Os Fóruns prezam a diferença, a diversidade como riqueza da humanidade. Nos Fóruns, manifesta-se a pluralidade de vozes e de olhares. A multiplicidade de atividades de que são constituídos os Fóruns pode dar a impressão de fragmentação do movimento. Ao contrário, podemos ler essa quantidade de manifestações como a riqueza do movimento que não nos divide, mas nos...
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Os fóruns e a reinvenção da esquerda

Moacir Gadotti Uma “nova esquerda”, portadora do projeto do “novo socialismo”, está nascendo no seio desde novo movimento histórico do qual o Fórum Social Mundial é o grande portador. Ele inaugurou, no início deste novo milênio, o caminho para “um novo mundo possível”, inaugurou uma nova etapa na batalha dos explorados contra o poder do capital transnacional. Nessa nova etapa abrem-se muitas e novas formas de fazer política. Sem nenhum rótulo, as redes possibilitadas pelos Fóruns estão dando origem a um novo internacionalismo. Os Föruns conseguiram superar o dilema colocado pela esquerda entre um Marx burocrático e um Bakunin anarquista. Muitos burocratas ficam incomodados com o caráter “anárquico” dos Fóruns, incomodados com o seu “pluralismo”. Por...
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